Mão

A mão que segura a sacola cheia de verduras.

- Me espera! Me espera!

o neto segura a mão grande  da avó.

é domingo de sol.

Cansaço

Dia duro, dia quente, dia de  muitas entregas feitas.

- Já não tenho pressa.

acende um cigarro, espera o próximo trem.

Brisa

O tênue despreender do corpo em um final da tarde.

- É o frescor da chuva que se aproxima


um orvalho toca a face cansada, sorri satisfeita.

Comércio

A pechincha começa cedo, em frente a velha catedral.

- Esse relógio já foi de um barão do café!

desconfiado, um velho negro sorri.

Comida

A colher raspa insistente, o fundo da velha panela

- Um mês ruim, o outro será diferente.


pequena mesa ao centro, o filho mais velho hoje não come.

Dever

Do passado de outrora, o orgulho da pontualidade exímia


- Nunca fiquei de corpo mole para serviço nenhum.

os pequenos olhos do neto em uma cadeira, na beira da cama.

Profissão

Com afinco, todas as mesas limpas antes de abrir e fechar:


- Hey mocinha, quando você vai la pra casa meu bem?


a faca que maneja corta um pedaço de queito.

Experiência

Barriga saliente , porém magro de corpo.

- Você é muito novo, não sabe das coisas direito.

apoia-se na arvore, é o ar que lhe falta.

O todo.

Um mais alto, um mais gordo e um terceiro em pé esparramados na calçada.

- A verdade é que somos todos parte de uma coisa grandona assim ó.


desenhou no ar um grande circulo torto.

Imensidão

Pés rachados em um solo seco:

- Deus é a agua que nunca chega.


a porteira emperrada range, cabelos negros jovens se perdem na estrada.