Thursday, November 16, 2006

Na pia

tudo afogará por lá, tudo.

olhou ao lado estremecida:

o filho ressurgirá em meio aos pratos.

Friday, November 10, 2006

Sonora

- Esta é a minha musica!

- Ahn?

- É a minha musica, essa eu adoro!


Saio dentre os corredores a dançar toscamente.

Habbis

Italianinha de seus 70 anos, bem florida e cara gorda.


- Uma caipirinha no capricho.

Tomou devagarzinho, deu tres risinhos.




o Gerente coça a barbixa

Avulso

Halito fresco de pinga, olhos bem murchinhos, em tom complacente.

- A culpa disso tudo é da genética.

- Genética?

- É, genética. O povo fica fazendo um monte de fio por esse mundão ai afora e larga tudo ai na rua ó.

- É.

- Tem é que cortar fora, arrancar tudo e dar pro gato comer, arracar assim ó.

- Esse é o jeito.

- Mas é isso ai garoto, deus reserva algo muito bom pra você, de verdade, tu é firmeza!

- O senhor tambem é.

Calçada

- Tu vende o que ai Garoto

- Lixas, lixas de unha

- E quanto é ein?

- É um.

- É teu irmão ali ó?

- Não sei.

Thursday, November 09, 2006

Deslumbre

- É isso?

- Sim

- porcaria ein...


- é nada, enquanto durou a musica eu dançei.

Luzes

Pós coito jubiloso, grande janela aberta à rua.

- Qué fumá?


- Nem.....




dialogo à Augusta

Thursday, October 26, 2006

Sangrando bravejava:

- Eu falo com Jesus, eu arrasto multidões, multidões!


- Mais um louco - murmura o engraxate




os sapatos ficaram como novos.

Monday, October 09, 2006

Garcia

- Pra você motoboy tem desconto!


- Ah é?

- É 7 reais, dou uma cerveja e um drink por conta doGarcia, e se você quiser empurrar a mandiaco na mulherada é 17 o quarto e o resto vc negocia com ela!



( eu sempre caio nesse maldito)







* Garcia é um " promoter" conhecido na Augusta, eloquente que só ele.

Aleatório

- Você tem um rosto bonito.

- Tenho rosto bonito coisa nenhuma, não sou bonito do mesmo jeito que não sou bem-dotado, e pra você meu desempenho sexual deve ser pífio.

- É nada....



Espirrava perfume pelo corpo

Saturday, October 07, 2006

Estudo

um dia faço um estudo mercadologico sério, sobre puteiros.

ah se faço

Tangível

-Ah, eu gosto de escrever, ler, poesia.


me parece bem tangível que a maioria que fala isso escreve porcamente.

Beto

- Mãe, a partir de agora sou uma alegoria!


- Tá, primeiro os brocolis depois as alegorias

Thursday, October 05, 2006

Vila

O sanfoneiro cego toca uma cantiga bonita,

a moça timida dança de saiote,


o pipoqueiro surdo, requebra um pouquinho

Viaduto do chá

defrontam-se na ponte:


- os arcos romanos são inspiradores

- são holandeses.



barbeadores e dvds a 15 reais

verão

mosquitos a circundarem as lampadas

amareladas de uma saudosa epoca.

o velhinho cochilando engole um.

sem querer

garoa

o padre autoritario repreende um gordinho a bocejar.

o vento sopra é o prenuncio da chuva...

João Abrahão

Na praçinha deserta, um casalzinho.

beijinhos a mãos apertadinhas.


o lixeiro frustado varre uma folhinha marrom

Negrinho

Eleitoreiros a clamarem.

velhinhos a cervejarem.

um negrinho a chupar um picolé de limão

Monday, September 04, 2006

é.

estou devidamente alienado esses dias.

Wednesday, August 30, 2006

Amores II ( comoventes)

- me liga um dia desses, podemos pegar um cinema, você é legal.

- como saio daqui?

- por ali ó, sobe as escadas

- Valeu

- Os seus óculos, não esqueca. eles que dão o charme ( risadinha dela)

- É sim

- E ai irmão, curtiu as garotas?

Amorecos e motonetas

-Vc tem moto então?


- Ahn, ahan. ( já embriagado pelas cervejas de brinde, dessa vez era mais do que o habitual)


- Eu ja tive uma


- Ah! han han ( ou abaixa o preço, ou vou embora)



Não abaixou, eu fui embora. Realmente ela entendia de moto, mais do que o habitual ( como as cervejas)

Amores I

-Você com esse cabelão parece aqueles artistas de teatro.


- Verdade?


- É sim.

- Isso me vale alguma coisa?


- 50 pra vc, porque gostei de vc!



( e ainda falam de arte elitista ainda...)

Sunday, August 27, 2006

de carne

A recompensa vinha em forma de

- Na volta vamos passar na Esfiha Chic!

E era uma festa, uma alebria sem tamanho. As infindaveis horas nas salas de esperas diluiam-se nessa frase mágica e retumbante.


- 5 esfihas de carne.

- Mas mãe...

- As de carnes são mais baratas e tambem são gostosas.


A leucemia definhava-a aos poucos mas as esfihas, de carne, não.

Friday, August 25, 2006

Queda

O novo engajado derruba o velho prosaico rotineiro.

-Harvey Pekar perde para o famigerado bakunin

- humpf!

Forfel e reticencias.

Gostaria de desabafar com vc caro universo fantastico.

- mas a sua criação não tem esse intúito.

Crescimento

É.

quanto mais amadureço emocionalmente,


- mais gosto da minha moto.

Crescimento

Crescimento

Tuesday, August 22, 2006

Insitação

-Hoje faremos um brainstorm.


- ...


- Diga tudo o que vocês fariam com esse objeto, sejam criativos, inovadores, emocionais, sejam sejam publicitarios!!!


9:15 término da aula, todos descem rápido

o professor fuma um malboro vermelho

Publicitários e Publicitarios

Segunda-feira gélida, e aula de criatividade.

- Porque vocês como publicitarios tem que se destacarem

-...


- Porque nessa profissão tem que ter personalidade, atitude, convicção, determinação!!!



As Daslu copiavam as leis com afinco e linda determinação, eu dormia sereno.

Monday, August 21, 2006

Generosidade

A musiquinha de fim de zona rolava e o papo tambem.

- Posso pegar uma cervejinha lá pra gente meu bem?


- E eu sou tonto é?

Doceria semi-mágica

Todos que ali chegavam, um doce a sua escolha ganhavam.

- Caramelo!

O doceiro era deveras generoso e respeitado por todos, uma celebridade na pequena cidade, quando morreu fora substituido pelo genro.

- Caramelo!

- Compre!

Crash

Sentados na sarjeta, suspensórios e camisetas brancas.


- Disseram que a bolsa quebrou

- Quebrou

- Perderemos o emprego! ( fala um dos mais exaltados e justamente sem suspensórios)

- Vamos...

- E o que vamos fazer?

- Acender outro cigarro.

Penico

Adolescente espinhudo e desprezado, apaixona-se.


- Te amo! se vc me largar eu , eu , eu morro!


largaram e teve uma grande dor de barriga

Extinção

A dispensa vazia, os filhos famintos e ele também.


- Tempos melhores... tempos melhores viram!


Escondido no canto, come um chocolate meio amargo

Desapropriado

Expulso de sua casinha, o velhinho.

- Se o jardim morrer processo o governo!

toma uma cachaçinha com o Juca



. a fiado.

Fantástico

- Ta quebrado! Brada o diminuto homem verde, no elevador.


A caixa de correio transborda de contas atrasadas.

Perto do metrô

Raspa raspa a crosta preta

- Levá?

- Garfo?


4 reais e todo o sabor oriental em suas mãos, em minutos

Wednesday, August 16, 2006

Refeição

O prato feito vem ligeiro fumegante

o trabalhor satisfeito sorri

devagar, o feijão escorre pela cumbuquinha de barro

Tuesday, August 15, 2006

Minima exaltação

Cara, dire straits me fascina.

Monday, August 14, 2006

Trabalha-se por comida.

Por comida. e por poesia se trabalha

marginalmente

Pirraça à Paulistana

Na frente na catedral o pobre homem espera um emprego.

O poeta exausto toma um coco-gelado.
O academico tropeça na latinha semi-cheia

Devagar senta na sarjeta, para ver o pasteleiro a confeitar
O prosaico tropeça na latinha semi-cheia

Senta devagar na sarjeta, olhando o pasteleiro a reclamar

Friday, August 11, 2006

Sarcasmo da maquina publica

Ao retirar minha carteira do trabalho a senhorinha disse ao final desconsolada.


- Meu filho, boa sorte.

Wednesday, August 09, 2006

humaninhos na maquina paulista

dão caldo nutritivo e churrasco grego

Década de 50 e nostalgia

Assistindo à nova descoberta,

A mulherzinha aprecia um comercial mudo.

o marido brutal dorme ao som de vapores
O vermelho do sol cobria firmimente as casas operarias.

os braços e punhos agora relaxados.

um entre eles, cortado.
De tolisse e barrigua cheia mascava um palitinho.


a garçonete cansada de ser bolinada, solta o cabelo

a grande depressão em seu auge e bom tom
Na secura e amargor do cotidiano dilacerante

Alguns folhetos a voar livremente entre os carros futuristas e avenidas molhadas
pela chuva maquinal que caiste ontem
eram apenas propagandas anarquicas









( uma escrito revisitado, de tempos de outrora)

Monday, August 07, 2006

PAgou-lhe com a promessa do melhor oral da casa

Momentos de sussuros à luz roxa, era suja e desdentada.
De levinho, ele corta a bochecha esquerda, dela.


- Ui Ui Ui, amor!


O conhaque acabou, sobrou mutilação em um quarto de puteiro qualquer
Cadete Galactico encontra o arqui-rival Tenete Interestelar, agora cobrador de onibus.


- Não Pagarei a passagem!

- Pois não pague

- Descerei fora do ponto!

- Pois desça


Esquece-se de que não sabe mais voar, esborracha-se no chão molhado.

A senhora suspira profundo de alivio
Proclama sussurando à esposa franzina:

- Hoje eu acordei artistico!

Fazem sexo meia-boca, ela resignada vira-se e olha o abajur quebrado.

O som do vento fazia tilintar os caquinhos
Acorda meio aos tropeços e proclama susurrando à mulher franzina:

- Hoje eu acordei artistico.

Fazem um sexo bem meia-boca ela vira-se novamente, o abajur quebrado tilinta ao som do vento
Em um cantinho da fabriqueta, o gato gordo ronronoa baixinho.


O patrão, impotente, despede 3 negrinhos

Sunday, August 06, 2006

Saido de um amor tórrido e infortuito ao final, jurou a sim mesma:

- Jamais me envolverei com homem algum.

Rouba uma balinha de canela de sua mãe obesa.


- Vagabunda!


- Senta-se defronte ao jardim de perolas e ali adormece
Ex-astro de cinema infantil, com aposentadoria satisfatória e fama mediana.


- Sou seu maior fã no munnnndo todo!

- Ahn ahn garoto, obrigado. Barba rala, mal- hálito, pinguço.

Tenente galático, tempos de outrora, tudo era diferente.

- E agora o senho é meu pra sempre, pra sempre! Menino gordinho, franjinha, mimadinho,

- Cai fora guri!

- Senhor Osmar? Engravatado, aros redondos, voz estrondosa.

- Sim, sim, eu mesmo.

- De acordo com os termos legais e judiciais aqui descritos nas linhas 3 a 5, o personagem " Tenente Galatico" pertence a Caio de Almeida Prado.

- O senhor sera sempre meu, e de mais ninguem!
A mulher elétrica atropela o velho autômato


Em um segundo, pai e filha num ambiente futurista qualquer.

Tuesday, August 01, 2006

Digna trabalhadora rural.

De trejeitos bruscos, cabelo desgrenhido, mãos tremulas e repleta de farpas, roupas antiquadas e geralmente sujas, feia.

Sofria de amores pelo seu patrão, o empreiteiro.

Em um dia de chuva, transou com ele ali mesmo no transporte rural, em meio a galhos e laranjas velhas.

e jurou que seu filho jamais conheceria um pomar


Charles Bukowski, eu daria pra ele.

- eu acho, ou se ele quisesse.


E não, não, não, não venham com geração beat .
O solteirão, cambaleando de bebado e de desgraça, chega em casa bradando ao porta-retrato dos falecidos pais:


- Essa desgraça é culpa de vocês!

Vira-se e esbarra no porta-retrato, espatifando-o no chão.

Pisa nos cacos de vidro do chão, xinga e cai no chão com o pé sangrando.

Ali dorme todo urinado.


Ao acordar com a boca seca e o orgulho ferido ve o Bira e o Joca degustando um conhaque velho.


- Vocês ainda me matam, seus imundos.

Monday, July 31, 2006

Ver uma foto do Bukonski de cueca é mais artistico e belo do que a Santa Ceia, ou o sermão do Padre Lorival.

do dia dos pais até.
O menino chupava o sangue do dedo esfolado atraz da cama, com medo de ser visto pela sua madrasta.

A menina jurou nunca mais ve-lo, e não mais esfolar o dedo na sua presença.
O pintor primitivo se suicidou ao conheçer Minotti del Picha.

O referido assasino se defende com um rosto facista elétrico.
Ao dar-lhe o peito para o ato de amamentar, o bebe fofo e risonho morde-lhe o bico com força e doçura, que encanta a mãe e avó.

mesmo com o sangue que escorria pela renda macia do soutien.

A avó ria baixinho.
Economizara toda sua mesada com suor e convicção por 7 meses, isso para uma criança era um tempo eterno.

Enfim comprara o vinil que ao seu ver, seu pai adoraria.

Seu pai operario, forte, traços grossos, truculento, viril, norte-americado, impávido e inquestionavel ao ver o vinil com seus olhos miudos e incrustados na face exclamou num sou intelegivel:

-Humpf!

e com um golpe repentino e certeiro, atinjiu o rosto latino de seu filho rebento. O menino fugiu de casa por longos 10 anos, insolitos.

O pai, ouvia o vinil escondido por horas antes de dormir, com uma cara maldita de satisfação e gozo infortúito
De corpo bem franzino, se intitulava conhecedor de literatura fantastica como ninguem.

ao ver a discussão de Poe e Hoffman numa mesa de bar regada a cerveja vagabunda e amendoins, assumiu a fabrica de pregos de seu pai e se casou


solenemente.
inaugurado